quinta-feira, 3 de agosto de 2017

O amor chega (e vai) sem aviso prévio



Melissa (Mel) preparava uma bela jantarada enquanto Miguel fazia a sobremesa, borrando mais do que cozinhava. Ela ria baixinho.
- Estás a rir-te de quê? - Disse Miguel por entre o barulho da batedeira.
- Eu a RIR-ME? Porque haveria de me estar a rir? - Fingiu-se séria.
- Ora, isso pergunto eu! Este bolo vai ficar um espectáculo pá! Até vais chorar por mais!
- Ai vou chorar vou! - Gracejou.
- Achas-te muito engraçadinha, não é? - Disse ele enquanto despejava chantilly na mão. - Tu já vais ver! - Agora nas suas costas de Mel, Miguel tinha acabado de lhe espetar aquela ''mistela'' na cara. - Prova lá um bocadinho! hmmm... tão bom.
Mel estupefacta pegou de imediato num ovo e dirigiu-se em chamas pronta a combate-lo - E tu, queres provar ovinho? - E em passos de jogador de râguebi, fintou a mesa enquanto se dirigia em punho hirto a Miguel. Foi então que tropeçou, a mão falhou, e cai nos braços dele agora de ovo no chão. Riam-se como nunca.
O amor começa assim, com pequenas circunstancias. Sem dar conta, ele arrebata-nos. O amor começa assim, sem aviso prévio.

Mel entrou em casa e as malas estavam feitas à porta, Correu em lágrimas para o quarto onde estava Miguel - Porque me estás a fazer isto?
Ao que ele rude respondeu - Já falamos sobre isto mais do que uma vez.
Mel abanava a cabeça em negação. - Depois de tantos anos como és capaz? Como te esqueceste de tudo?
Replicou - Deixa-me ir. - E foi.
De casa vazia, agora o silêncio consumia-lhe a alma. Estava sozinha.
O amor acaba assim, com pequenas circunstancias. Pessoas novas aparecem, o desgaste diário corroí, a falta de dedicação destrói. Sem dar conta o amor some e quando percebemos estamos num poço sem fundo, onde nada faz sentido, onde todos os alicerces se esfarelam em pó. O amor acaba assim sem aviso prévio.



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