domingo, 23 de março de 2014

Não mudou...


Era capaz de jurar ao mundo que ela não mudou assim tanto. Era até capaz de me atravessar bem na frente de uma bala de olhos fechados por ter esta certeza. Sinto-o. Conheço-a. Sei que o que têm visto não é na realidade o que é. Sei também que ultimamente o medo parece ter voltado não sei de onde, e isto sei porque vejo-lhe na transparência dos olhos. Sei que voltou, que a tem atormentado, magoado com o dobro da intensidade. E...Oh parece que à medida que o tempo passa vai-se apercebendo da gravidade de alguns acontecimentos, vai ''observando-os'' e ficando cada vez mais revoltada. Ah, e existe tanta coisa que o mundo não sabe. Não deseja que o saibam, não de todo. Aí seria o fim. Aliás, nem o seu mais que tudo sabe a historia toda... É certo que está a par do pior, mas... Será que o pior tira a importância e a gravidade dos restantes acontecimentos? Será que por isso, os mesmos não são razões para ser grandes bombas silenciosas de dor? A verdade é que são, mas não é capaz de falar, tocar no assunto. Nunca será capaz... Porque dói...
Ao longo destes quase três anos, sentia-se tão assustada, que a partir de um certo dia decidiu pegar num lápis e numa folha de papel e torna-los seus melhores amigos. Até hoje é assim. Ela, o lápis, o papel e todas as frases que arranca do coração para as despejar como se lágrimas fossem.
Se é feliz? É sim. Sei-o. Porém isso não significa que a marca não esteja lá, que tudo aquilo não tenha marcado o seu coração que continua diariamente a reconstruir-se. Se será assim a vida toda não sei. Talvez até nunca se cure na totalidade, mas isso só o tempo dirá. O tempo, o lápis, a folha de papel e o ''mais que tudo''.

1 comentário:

Cláudia S. Reis disse...

As marcas do passado ficam em nós para sempre. Mas isso não nos impede de construirmos de novo a nossa felicidade :)