domingo, 8 de dezembro de 2013

O segredo de Mel 2#


Eram 8h30 da noite e já se tinha passado meio-dia desde o sucedido. Mel tinha acabado de acordar com a chuva torrencial e no meio de uma grande poça de lama. Estava bastante atordoada, ensopada, cheia de frio e não percebia o porquê de estar ali. Sentou-se. 
Olhou em redor e só via árvores e árvores, lama e lama, escuridão. Sentia-se sozinha, com medo. Cruzou as pernas e debruçou-se sobre os joelhos enquanto se esforçava para se lembrar de alguma coisa, mas sempre que o fazia uma cortante dor de cabeça não a deixava avançar. Sem saber porquê começou a chorar, doía-lhe o corpo todo, mas não era por isso que chorava. Ah, talvez se estivesse a aperceber do que lhe acabara de acontecer…
Só lhe vinham perguntas e mais perguntas à cabeça, sentia-se perdida, tão mas tão perdida. Esforçou-se mais uma vez para se lembrar de algo e foi eis que lhe passou um flash. Concentrou-se. Conseguia ver um homem, lembrava-se vagamente do seu olhar carregado sobre ela. Conseguia ver tudo turvo, um caminho cheio de folhas e...Conseguia ver… Meu Deus, não! Não queria ver mais nada…

Bloqueou os seus pensamentos, levantou-se e silenciosamente por entre aquela trovoada barulhenta pôs os pés a caminho, tentando descobrir a estrada para ir para o seu lar. Os trovões já não a assustavam e estranhou-o nos primeiros minutos, não era algo que fosse comum nela, normalmente tinha muito medo.
Conseguiu finalmente chegar à estrada, passavam tantos carros que logo deduziu que fosse ''hora do recolher''. De repente sentiu-se tonta, assustavam-na os carros. Uma dor forte deu-lhe no coração, como se aquele cenário lhe trouxessem lembranças de algo que não se conseguia lembrar. Irónico, puramente irónico.
Após uma longa caminhada, quando finalmente avistou a sua casa, instintivamente começou a correr até chegar à porta, que se abrir quase que adivinhando aquela chegada tardia. A Mãe tinha os olhos inchados, parecia ter estado a chorar o dia todo, e mal viu Melissa não hesitou em abraça-la. Levou-a para a sala e cobriu-a rapidamente com uma manta polar e sentou-se a fazer-lhe enumeras perguntas. Ela não respondia, não conseguia responder. Tinha medo nos olhos, fragilidade nas feições do rosto. Mãe de mel não sabia que fazer, tentou manter a postura positiva pronunciando ''Deves estar cansadinha filha. Não te preocupes que estou aqui! Estou aqui ouviste?'', Mel assentiu com a cabeça enquanto as lágrimas lhe escorriam pelo cara. Continuou, '' Nunca te vou deixar! Oh e vou preparar-te um belo banho quente e um chocolate aquecido como tu gostas, esta bem?''.  Melissa deitou-se um pouco no colo da mãe sem dizer uma palavra, enquanto esta lhe fazia festinhas no cabelo e dizia '' Vai ficar tudo bem querida.''.

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